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Representantes de povos de terreiros reunidos com a CERD –

O último mês de novembro foi bastante significativo e emblemático para as populações de terreiro com destaque na imprensa e bastante repercussão nas redes. Desde o dia 15 de novembro, religiosos de matriz africana e ativistas dos Direitos Humanos participaram do 108º Encontro do Comitê para Eliminação da Descriminação e Direitos Humanos na ONU, em Genebra, na Suíça.

 Um dos principais objetivos da comitiva foi denunciar o aumento da violência diretamente ligada ao racismo religioso e dos ataques aos terreiros de candomblé e umbanda que não contam com as punições aos agressores. Na ocasião, também foi entregue, em mãos por Babá Adailton d’Ogum, Babalorixá do Ilê Axé Omiojuarô, a Carta da Cúpula dos Povos Rio+30 para a presidente da CERD, Verene Sheperd.

Além dele, demais religiosos de matriz africana e ativistas dos Direitos Humanos também participaram do encontro que foi até o dia 20. Entre as demais instituições brasileiras presentes estiveram: Ilê Omolu e Oxum,  Renafro, Ilê Axé Omi Ogun Siwaju, ONG Criola, ONG Geledés, Marcha das Mulheres Negras, Anistia Internacional e Comunidade Bahá’í.

O grupo se reuniu com a CERD – Comitê pela Eliminação da Discriminação Racial e Direitos humanos da ONU apresentando uma agenda de incidência política internacional de denúncias sobre racismo religioso, genocídio da população negra, insegurança alimentar, encarceramento em massa, fechamento dos espaços cívicos, políticas de austeridade e ataque aos Direitos Humanos; além das questões diretamente ligadas à saúde e sexualidade das mulheres negras, dos direitos das populações lgbtqia+ e quilombolas. 

Entre outros destaques estavam: o relatório sobre racismo religioso e recomendações para práticas de combate no contexto do Recôncavo Baiano, entregue também em mãos pelo Babalorixá Gustavo Melo Cerqueira; além da entrega dos resultados da pesquisa da Renafro e do Ilê Omolu Oxum – ”Respeite o Meu Terreiro” – contendo um mapeamento do racismo religioso no Brasil, a partir de relatos de lideranças religiosas de matriz africana de todo o território nacional.

O resultado foi apresentado por Mãe Nilce de Iansã, Iyá Egbé do Ilê Omolu Oxum, e representa uma espécie de ”raio-x” sobre a violência contra os povos de religiões de matriz africana.

Babá Adailton atentou para a questão da impunidade e a morosidade jurídica. O Babalorixá destacou ainda que em diversos casos, nem mesmo os agentes públicos inibem os ataques. ”Casas são violentadas e não vemos punição, é por isso que viemos até aqui, para provocar o Estado Brasileiro para que cumpra com os tratados internacionais por Direitos Humanos”, conclui.    

Créditos foto: Babá Adailton D’Ogum e Babá Gustavo de Odé em Genebra, na Suíça, durante o encontro da CERD

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