Boa noite: meus irmãos, meus filhos e meus amigos!

Digo amigos, sim. Irmãos sim e filhos sim. Sabem por quê? Porque sou uma mulher negra do Recôncavo Baiano descendente dos nossos ancestrais que foram retirados a força para aqui serem escravizados e explorados. E ainda tentaram lhe tirar as coisas mais sagradas que existem para o ser humano, que é a sua verdadeira identidade: sua cultura, sua fé e o seu direito de ir e vir. 

Nesta perversa e vil sede de julgo, as mulheres não foram poupadas. Pagaram o preço por serem mulheres e terem pele negra, porém guerreiras e grandes mães. Isto incomodou demais aqueles que tinham o grande prazer de achar que eram os seus donos e senhores. Não lhes pouparam o prazer de saciar a sua ira machista, perversa e hostil. 

Os gritos que vinham dos fundos das senzalas, dos canaviais e dos troncos eram como eles cobravam a suas dívidas das mesmas, por alardearem que eram suas pertenças – sendo fruto de uma das suas costelas. Que pensamento pobre! Que cabeça doente e vazia! Até hoje a força da mulher incomoda seus algozes, muito embora, fiquem eles sabendo, que: truques, golpes, complôs e atos mesquinhos não vão nos fazer parar!

Estamos atentas, unidas e alertas! Minhas irmãs, a hora é nossa e a estrada é longa. Estupro? Jamais! Exigimos respeito, palavra de uma Iyalorixá do candomblé que não se cansa, pois tenho fé em Olorun e em Xangô, que é o dono da justiça e da verdade. Que a justiça seja feita!

Mãe Beata de Yemonjá.

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