O legado de Mãe Beata de Yemanjá após 5 anos de sua passagem neste 27 de maio

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Texto: Priscila Bispo I Imagens_crédito: Getúlio Ribeiro, Mazé Mixo e André Mantelli

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O Ilê Axé Omiojuarô completa 37 anos de existência e inaugura busto em homenagem à Ialorixá

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Neste 27 de maio completam exatos cinco anos da passagem de uma das Ialorixás mais importantes do Brasil, Mãe Beata de Yemanjá. Beatriz Moreira Costa, como constava em sua certidão, nos deixou aos 86 anos de idade. Nascida no dia 20 de janeiro de 1931, em Cachoeira, no Recôncavo Baiano, se estabeleceu alguns anos depois em Nova Iguaçu, no bairro de Miguel Couto (região metropolitana do Rio), no ano de 1969 quando escolheu a cidade para viver e criar seus quatro filhos – Ivete, Doya, Adailton e Aderbal. A Neta de portugueses e africanos escravizados conduzidos ao Brasil, funda então em 1985 o Ilê Axé Omiojuarô – Casa das Águas dos Olhos de Oxóssi. Desde os anos 80 ela passa a ser considerada uma das grandes personalidades do candomblé do Rio de Janeiro. 

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A matriarca e escritora, ao longo de sua vida, sempre se posicionou a favor da justiça social, esteve à frente de mobilizações e atividades de combate à intolerância religiosa, de prevenção das DSTs/HIV/Aids e câncer de mama, à violência contra a mulher, à discriminação racial e de gênero, além de ser publicamente conhecida defensora do meio ambiente. A Ialorixá foi conselheira do MIR (Movimento Inter-Religioso), membra do Unipax (que luta pela paz), integrante do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher, tendo sido também presidente de honra da ONG CRIOLA e uma das integrantes do ICAPRA, Instituto Cultural de Apoio e Pesquisa das Religiões Afros – espaço para difusão das heranças e tradições dos povos afro brasileiros. 

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Um de seus grandes legados, para além da contribuição a todos nós com seus saberes e sua própria história de vida, é o espaço sagrado do Terreiro. A Casa promove não apenas suas festividades e funções ritualísticas, mas encontros que já a tornaram reconhecida há anos como espaço de resistência cultural e social. A exemplo da comemoração de seus 37 anos de fundação, que contou com uma programação toda especial e atividades em homenagem à saudosa Iyá n’la Beata de Yemanjá. Além de intervenções artísticas, atrações musicais e painéis de debate com ações e estratégias voltadas para o enfrentamento ao racismo religioso, juntamente do lançamento da Cartilha “Terreiros em luta: caminhos para o enfrentamento ao racismo religioso” ,ocorridos na mesma ocasião. Babá Adaílton D’Ogum, filho biológico e sucessor espiritual do Terreiro de Mãe Beata, recebeu no último mês de abril convidados e povo de axé para o lançamento do busto da Matriarca do Ilê e do Observatório de Racismo Religioso Mãe Beata de Iemanjá – criado para monitorar casos de racismo religioso envolvendo adeptos de religiões de matriz africana no Estado.
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Fotos: Getúlio Ribeiro, Mazé Mixo e André Mantelli